Para que conste: a vida não é fácil; a de uma mulher também não; muito menos a de uma grávida; a de uma MarAFaDa dava uma final europeia com direito a prolongamento e grandes penalidades!!
Nem vos conto o que têm sido os meus dias de calor (qual menopausa, qual quê) e muito menos a rotina idiota que se tornou o meu dia-a-dia, à conta de não poder fazer isto, nem aquilo, nem o outro.
Pela primeira vez que tive vontade de usufruir do meu direito a ser prioridade na caixa do supermercado (caixa prioritária a grávidas, entenda-se), levei com uma anormal a refilar que já tinha estado grávida por duas vezes e que nunca precisou de favores. Minha senhora, good for you e que Deus Nosso Senhor (sim, que eu topei que a "senhora" é daquelas que está batida na missa todos os Domingos, apesar da fraca cristandade) lhe dê muita saudinha para o resto dos seus dias.
Claro que eu estava de rastos, demasiado cansada e cheia de calor para lhe responder à letra e apenas disse "minha senhora, mas esta é a caixa prioritária a grávidas" - apontando para o sinal bem acima das nossas cabeças.
Ainda ouvi com o remate de que gravidez não é doença, algo com que eu concordo plenamente mas fica aqui a nota para que as gentes deste país não julguem o pão pela carcaça, pois nunca se sabe o que está dentro do miolo (que bonita frase não?).
Resumindo, no fundo no fundo, eu tinha era vontade de a mandar para o %&%$$%#$, monte de %$$%#&%$#&#, anormalóide que não sabe ler com toda a certeza... mas.... uma lady não faz estas cenas! Assim, e apesar de ter ficado a pensar uma tarde inteira na estupidez das gentes deste país (porra, se aquela caixa tem o sinal à frente da testa e se até a rapariga da caixa queria que eu me sentasse e bebesse água, tal era a minha cara de aflição...) só lhe desejo muita paz de espírito e que a labrega da sua filha não venha a encontrar/precisar de gente tão besta quadrada quanto a senhora. É que ao escarrarmos para o ar, estamos sujeitos a levar com o refluxo na tromba.
Mais uma vez se comprova como nós mulheres somos solidárias umas com as outras. Tanta amizade e entre-ajuda, ainda nos vai levar à extinção! Essa é que é essa!
Diariamente, a caminho do ginásio, passo por uma estrada onde vejo quase sempre uma aglomeração de mulheres (vá lá... são duas ou três), relativamente próximas de uma paragem de autocarros. Ontem, passei lá com o Ken e tive este brilhante comentário:
MaRaFaDiNhA: Estas senhoras estão sempre aqui. Devem estar aqui à espera de alguém. Ou dos filhos...
Ken: Sim é isso mesmo. Estão à espera dos filhotes para lher dar o lanche. Não percebes que são prostitutas?
MaRaFaDiNhA: Jura? Mas estão tão...tão... vestidas?!
Ken: Com o frio que está, experimenta tu a ir para ali de mini saia e top.
MaRaFaDiNhHa:
Em minha defesa, moro aqui há pouco tempo e não sabia que aquela estrada tinha este historial de mercado.
Também não conhecia esta minha faceta de inocente mas... para mim têm ar de mães à espera dos filhos e não se fala mais nisso.
Para quem não me conhece, fica a informação de que eu sou uma pessoa bastante organizadinha e metódica cujo sonho era ter um roupeiro do tamanho duma sala onde tivesse os sapatinhos todos arrumados dentro de caixas com uma foto dos ditos cujos para não me desorientar (muito ao estilo MTV Cribs).
Pois muito bem. Se a minha pancada chega a este ponto, qual será a razão pela qual eu me sinto completamente desorientada (leia-se doida) numa loja "IQÁ", "IQUEIA" ou seja lá como for a pronuncia da malvada.
É certo que as minhas duas deslocações à mesma não foram com o propósito de comprar móveis mas sim aqueles pequenos acessórios de organização. Mas claro está, para chegar à secção pretendida, temos que percorrer todo um caminho muito ao estilo de gincana (com setas no chão e tudo), onde nem falta o lápis e o folheto para assinalar o itinerário.
A primeira vez que lá coloquei os meus pezinhos de Cinderela foi a loucura:
"Eu quero isto que está em cima desta prateleira!!!! Onde é que eu arranjo isto????" " What??? Então eu vejo o que quero aqui à mão de semear e ainda tenho que ir procurar outra vez no piso de baixo???";
Agora pergunto eu. Quem é que se atreve a comprar uma cozinha naquela casa? Então eu que não entendo nada de carpintaria vou lá conseguir desenrascar-me para apontar tudo o que preciso e, pior ainda, chegar a uma armazém com paletes de caixas e saber retirar o que preciso? Acho que mais depressa chegava a casa, com meia-cozinha e meia casa-de-banho. E não me venham dizer que estão lá os amarelinhos para me ajudar que eu não me parece que esteja a falar com arquitectos ou carpinteiros, e muito menos posso esperar que eles estejam a visualizar a minha casa. Logo, Dah?!
Eu só sei que quando chego à caixa, sinto-me completamente estafada (lá está o efeito gincana) e não me parece que tivesse vontade de ir para casa montar uma simples estante que fosse.
Não sei explicar este efeito, mas pareço o único ser humano completamente deslocado naquele espaço.
Olha, resta-me pensar que é considerada uma das melhores empresas para trabalhar e que as mulheres até são incentivadas à procriação.
Hummmm. Será que devia mandar um currículo?
Pensando bem, é melhor não!