Para encerrar o ano em grande, pensei em escrever umas palavras à minha mãe. Há quem faça reclamações junto do Pai Natal, do Primeiro Ministro, no Centro de Saúde, pois eu decidi reclamar com a minha mãe uma série de coisas que me estão aqui entaladas.
Gostava eu de saber qual o motivo que a levou a nunca me contar que a despensa lá de casa não se enchia por artes mágicas; que a roupa suja não deslizava para dentro da máquina de lavar; que a secadora não passava logo a roupa a ferro; que os homens não vão na cantiga de comer qualquer coisinha rápida só porque não apetece fazer jantar (esquisitinhos); que o pó tem vontade própria (tal e qual um conto do Stephen King)...
Não há direito!
Uma pessoa junta os trapinhos a pensar que o amor e a cabana fazem milagres e depois... voilá... há uma série de parêntises. Acabam os dias de ócio, do dolce fare niente, próprio de quem vive em casa dos pais e tem a sorte de ter uma mãezona que trata de tudo. Não é que não fizesse nada e fosse um corpo de palha (como diz o meu pai), mas os pormenores acima detalhados conseguiam passar completamente ao lado (os maganos).
Sei lá... é duro sair tarde do trabalho, estar naquela (complexa) altura do mês, ansiosa por chegar a casa e estender o corpinho no belo do sofá e, afinal, ainda ter que passar pelo supermercado, lavandaria and so on e acabar a carregar tudo sozinha feita mula. Eu sei, eu sei --- e ainda não vieram os filhos!
Oh mãe, podias ter sido só um bocadinho mais dura, mas um Ambrósio como presente de Natal também ajudava.
. Oh mãe